quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

“As pessoas de bem precisam fazer e falar de política”


Afirmação é da vereadora Eni Scandolara (PP), a terceira entrevistada da série de reportagens do Diário da Manhã com os parlamentares do município



Com o objetivo de abrir espaço para os representantes do povo prestar contas do seu mandato e divulgar as principais ações realizadas em prol da comunidade, o Diário da Manhã dá sequência à série de entrevistas com os vereadores do município. As reportagens serão publicadas em ordem alfabética do nome do vereador e por isso a entrevistada de hoje Eni Scandolara (PP).

Natural de Barão de Cotegipe, formada em Letras, casada e mãe de três filhos, a professora Eni, que está exercendo o seu terceiro mandato de vereadora, cresceu vendo e ouvindo sobre política partidária. Nos 15 anos que residiu em São Valentim com o marido atuando como dirigente partidário, esse convívio foi intensificado na sala de aula, fora dela, e no trabalho assistencial.

No retorno à Erechim, o convite para concorrer à vereadora veio do ex-prefeito Eloi Zanella, que pediu sua ajuda para voltar a comandar a cidade. Eleita vereadora, ela se tornou líder do governo. Em 2004 concorreu à reeleição, mas foi convidada para assumir a Secretaria de Educação, sucedendo a professora Maria Elisa Franceschi. Depois de 20 anos de sala de aula e de oito anos de secretaria, ela resume a experiência em satisfação e orgulho pelo legado que ajudou a construir na área. Posterior a isso, em 2008, quando estava pronta para concorrer à reeleição e ir para o terceiro mandato, foi convidada e concorreu à vice-prefeita. Não eleita e sem mandato parlamentar, aceitou o convite do partido para ocupar cargo de diretora administrativa na Câmara de Vereadores, tendo participado diretamente na elaboração dos projetos do Acampamento Farroupilha e da Associação Pró-Autista Aquarela, entre outros. Em 2012 concorreu à vereadora e foi eleita para o terceiro mandato.

Nesta entrevista, Eni recorda um pouco de sua trajetória, fala de sua atuação parlamentar, cita o trabalho realizado neste mandato, e comenta o que deseja pessoal e politicamente de 2016.

Confira os principais trechos:

O que a motivou a entrar na política?
Eni – O fato da política estar presente em todos os dias da nossa vida e de todas as decisões passarem por ela. Antes de ocupar um cargo político eu já fazia política partidária acompanhando políticos e, posteriormente, meu esposo que era político também. Entrei na política em 2000, a partir de um convite do ex-prefeito Eloi Zanella. Aceitei o desafio de concorrer à vereadora, mais para colaborar com a candidatura à majoritária, mas fui eleita e na sequência virei líder de governo. Fui reeleita em 2004, mas me licenciei para assumir como secretária de Educação. Em 2008 estava pronta para concorrer à reeleição à vereadora, mas saí candidata a vice-prefeita e, de novo, aceitei o desafio para colaborar com a minha cidade. Gosto de incentivar às pessoas a se candidatar porque as pessoas de bem precisam fazer e falar de política, que precisa ser discutida e encarada, porque por ela passam todas as decisões do nosso futuro, do futuro da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país. Quando você faz parte da vida pública você sente a responsabilidade nos ombros de estar colaborando, mas nem sempre é entendida dessa forma, porque muitos acham que você gosta e quer estar ali, todavia várias vezes se está política pela responsabilidade que se assume junto com o poder público.

Que conquistas deste mandato destaca?
Eni – Meu lema é presença, participação e responsabilidade. Quando você se propõe a trabalhar como vereador tem que dedicar tempo para acompanhar aquilo que a cidade precisa. Neste mandato protocolei mais de 200 pedidos de providências, de informação e de requerimentos, todos visando atender às necessidades dos munícipes. Entre eles destaco os projetos de lei “Sugestão” do Descarte Solidário, para a criação de um local permanente que recebesse todo o material descartado pela população e que a coleta tradicional não recolhe; do Banco de Aleitamento Materno, para promover a coleta e a doação de leite materno; do Programa de Prevenção de Acidentes e Violência nas Escolas Municipais de Erechim, e da Preservação e Conservação das Nascentes e Margens de Rios. Todos foram aprovados e encaminhados ao Executivo, mas nenhum sancionado. Saliento, ainda, o das Pichações muito comentado pela imprensa, mas até hoje não enviado ao Legislativo com a justificativa de que já existe legislação. Se tem lei está faltando fiscalização. Também pedi o retorno do Restaurante Popular, que existia e funcionava muito bem, mas foi fechado em 2009. Solicitei placas indicativas nos bairros, nas avenidas, na entrada e saída da cidade, nos pontos turísticos e sinalização de lombadas e faixas de segurança. Denunciei e pedi providências para a falta de medicamento nas UBSs, requeri a ampliação do horário da Biblioteca Pública Municipal e pedi cuidado no projeto de Revitalização do Parque Longines Malinowski, uma bandeira do meu gabinete porque não concordo com a forma que foram retiradas as árvores e questiono para onde foi aquela madeira e o porquê não foi feito o acompanhamento das árvores substituídas. Também cobrei e continuarei cobrando o videomonitoramento, a melhoria nos abrigos de ônibus, na iluminação do Terminal de Ônibus Urbano e a fiscalização no combate à poluição visual. Também batalhei para que fosse cumprida a lei da gratuidade na utilização do transporte público para os idosos e mais eficiência no Estacionamento Rotativo Pago. Pedi mais agentes de saúde para os bairros Copas Verdes e Novo Horizonte, e estou acompanhando de perto a construção do Ginásio Poliesportivo do Bela Vista. Também solicitei a isenção de taxas para os artistas locais, que se apresentam no Centro Cultural 25 de Julho, a restauração do prédio da Prefeitura e do Castelinho, e a permanência de um profissional de enfermagem 24 horas no atendimento da Ambulância Cidadã, além da implantação de coletores de bituca de cigarros nas lixeiras de praças e canteiros e o descarte adequado visando preservar o meio ambiente, não no papel, mas na prática.

DM - Que nota dá a sua atuação parlamentar?
Eni - Gostaria que o povo desse a nota, que a população avaliasse, porque por mais esforço e dedicação que se tenha, sempre fica a sensação de impotência, de indignação diante de tantas coisas que não conseguimos resolver. Então divido com a população a minha angústia de não poder resolver tudo, mas por outro lado a certeza de ter dado o melhor de mim dentro das minhas limitações, e garanto que assim serei até o último dia deste mandato, atuando sempre com muita responsabilidade.

DM – É pré-candidata à reeleição? Por quê?
Eni - Não sou pré-candidata porque penso que já dei minha contribuição com três mandatos. Não estou deixando a vida pública porque considero isso ruim, pelo contrário, é muito bom participar da vida pública, poder contribuir a com a nossa cidade, mas quero deixar o meu lugar a todas as pessoas de bem, motivar novos políticos, jovens ou não, para atuarem. Neste contexto de falta de ética, de moral, de responsabilidade com o dinheiro público, existe espaço para as pessoas de bem. O momento exige e a política precisa deles. É hora de chamar à responsabilidade as pessoas que podem contribuir, que tem capacidade de gestão, visão do coletivo, que façam política para servir e não para se servir. Hoje a política não é mais para amadores, ela é para gestores que possam realmente contribuir de forma efetiva para a sociedade.

DM – O que espera pessoal e politicamente de 2016?
Eni – Que nossos governantes sejam iluminados para ter discernimento do rumo a ser tomado para evitar que a população continue sofrendo. Tenho visto de modo desesperador a dor das pessoas que precisam de tratamento médico, que enfrentam a falta de atendimento, de leito e o pior é que não vejo perspectiva boa, o que me preocupa. Em meio a essa desestruturação do nosso país, é preciso deixar de ser tolerantes para ser realistas, agir e dizer que rumo precisa tomar o Brasil, o Rio Grande do Sul e Erechim. E é com esta responsabilidade que eu gostaria que o povo de Erechim participasse destas eleições. A população não pode mais ser iludida por promessas vazias, e se observar a vida pregressa e a trajetória do candidato não irá se enganar. O povo tem na mão o futuro do município, e as soluções passam por esta decisão e responsabilidade. Cada cidadão tem compromisso com a sua cidade, nas mãos de quem vai deixar e como vai cobrar.

“Hoje a política não é mais para amadores, ela é para gestores com visão administrativa e do coletivo, que possam realmente contribuir de forma efetiva para a sociedade”