terça-feira, 25 de junho de 2019

Vereadora Eni Scandolara homenageia Mario Carlos Hofmann com nome de rua


Na sessão ordinária realizada na última segunda-feira (24), os representantes do Poder Legislativo erechinense aprovaram por unanimidade um projeto de lei de autoria da vereadora Eni Scandolara (Progressistas), referente à denominação de rua no Bairro Novo Atlântico. A partir da proposta aprovada, fica estabelecida como “Rua Mario Carlos Hofmann – Comerciante” uma travessa da Rua Alcides Mendes Camargo. Os familiares acompanharam à homenagem no plenário da Câmara Municipal.

Sobre o homenageado
Mario Carlo Hofmann nasceu em Erechim, no dia 24 de julho de 1928. Sua trajetória profissional teve início no ramo da contabilidade, tendo trabalhado nesta área em diversas empresas do município. Foi proprietário da Sociedade Comercial de Cereais Hofmann Ltda, e teve participação em momentos marcantes, como a primeira soja plantada em terras erechinenses. Empreendedor, também foi proprietário do primeiro supermercado com auto-serviço de Erechim, o “Pegue Pague”, que chegou a ganhar filial. “Seu Mario deixou a seus familiares e amigos grandes ensinamentos. Foi um dos legítimos e incontestáveis representantes daqueles pioneiros que, com o suor do seu trabalho, honestidade e convicção, desbravaram e deram forma ao lugar em que hoje vivemos”, destacou Eni.
Mario Carlos Hofmann faleceu em março de 2015, aos 86 anos.

Histórico
Filho de Germano Hofmann e Catharina Meyer Hofmann, Mario nasceu em 24 de julho de 1928, em Erechim. Um fato curioso é que seu registro de nascimento consta no dia 12 de outubro de 1928. Ocorre que na época em Boa Vista do Erechim, todo mundo era amigo, e usando desta amizade houve um encontro entre seu pai com o titular do Cartório de Nascimentos, e após muita conversa, o mesmo pediu para fazer o registro do guri nascido naquele dia. Após quase três meses, em mais um encontro casual, o pai indagou que não tinha recebido ainda a certidão, momento que o Sr. Guiotto informou que havia esquecido de fazer o registro. Como nosso homenageado fazia questão de ressaltar ficou 80 dias mais moço. 
Sua infância foi como a da maioria das pessoas nessa idade. Aos seis anos, em 1935 começou a estudar no Colégio São José. Lembrava com saudades sua primeira professora a Irmã Imelda. Era uma turma grande e entre seus colegas de aula estavam Tranquilo Devens, Niro Scheffer, Nédio Pagnoncelli, Gastão Michelon e Córdoba.
Em 1938 passou a estudar no Colégio dos Irmão Maristas onde permaneceu até 1946 formando-se na Primeira Turma do Curso de Contadores. Seu Registro no Conselho Regional de Contabilidade era o de número 968. Era uma turma de 217 formandos. 
Na adolescência gostava de andar a cavalo. Sempre teve um no pátio de casa e às tardes galopava ou inventava uma carreira. O último era um cavalinho lobuno, mestiço árabe, que o seu pai havia adquirido do Dr. Amintas Maciel, e pertencia a seu filho Dr. Juca Maciel, que foi juiz de direito nesta comarca. 
Nas horas de folga do colégio, tinha que ficar na firma do seu pai para fazer serviço de banco, prefeitura, coletoria, exatoria, pegar o Correio do Povo nos trens noturnos, que quase sempre vinham com duas a três horas de atraso. Aos 13 anos já mexia nos livros contábeis. Nesta época começou a treinar em um caminhão Chevrolet 1929 e em um mês já dirigia o caixa seca até a estação ferroviária e voltava com as encomendas. 
Aos 15, 16 anos viajava com o motorista desbravando o oeste de Santa Catarina e Paraná, até Francisco Beltrão, levando mercadorias e retornando com feijão, erva-mate, mel e cera. Quando chovia ficavam invernados 10 a 15 dias. Levavam pá, picareta e cavadeira para tentar se livrarem dos atoleiros.
Com o Registro no CRC começou a fazer algum dinheiro extra. Além da contabilidade da firma de seu pai Germano Hofmann, fazia também a da Olaria São José Ltda (Rio Toldo), da Christmann & Cia Ltda (Sarandi). 
Mario casou com Chloé Zita Rocha em 1950. Foram morar na Av. Maurício Cardoso no apartamento do Sr. Ettero Cerioli. Fazia a contabilidade de sua relojoaria, assim como de um armazém. Foi contratado então para fazer a contabilidade do Moinho de Trigo São José S/A, da vizinha cidade de Viadutos. Uma vez por semana pegava o trem misto que saia ao meio dia, viajava até a cidade, fazia o trabalho, pernoitava no hotel e retornava a Erechim.
Teve quatro filhos: Zita Mara, Marcia Beatriz, Mario Eduardo e Angela Marfisa. Oito netos e quatro bisnetos.
Mario Carlos Hofmann vivenciou momentos históricos de Erechim e região. Entre eles a primeira soja plantada. Em agosto de 1953 sua firma Sociedade Comercial de Cereais Hofmann Ltda recebeu por intermédio da Viação Férrea, um volume contendo 40 quilos de soja, para distribuir para pequenos agricultores da região. O plantio foi uma experiência desse novo produto, ainda desconhecido pelos colonos. A semente foi distribuída, sendo que a devolução deveria ser na mesma quantidade após a colheita. Para surpresa, não foi devolvido nem um quilo da soja. Os colonos ficaram com o produto para trato dos suínos. Em 1960 receberam a quantidade de 20 sacas de 60 quilos de sementes para distribuição a granjeiros e outros produtores que tivessem interesse em devolver somente a semente. Foi uma ótima produção. Foi o início do filão de ouro da soja na região, difundida depois pela Cotrel. 
O primeiro supermercado com auto serviço de Erechim era de sua propriedade. Supermercado Pegue Pague inaugurado em 1º de outubro de 1962. Anteriormente tinham uma loja em casa, onde compravam em atacado em São Paulo, produtos como bebidas finas, queijos e especiarias para revender em Erechim. Quando os caminhões retornavam o movimento na loja era grande devido a qualidade e especialidade das mercadorias. Foi num desses dias que surgiu a ideia do supermercado, após o conselho de duas pessoas com tino comercial. Em 60 dias foram feitas todas as reformas necessárias e aberto com sucesso o supermercado.
Prevendo as obras da Hidroelétrica do Rio Passo Fundo, em maio de 1966 fundou uma filial em Vila Alegre, município de São Valentim. Em 1972 transferiu o supermercado de Erechim para Candiota, município de Bagé, onde estava sendo iniciada a construção da Usina Termoelétrica Candiota II. Com o final das obras retornaram a Erechim em 1981, onde segundo nosso homenageado sempre ficou o seu patrimônio.
Seu Mario faleceu no dia 03 de março de 2015 aos 86 anos de idade, deixando a seus familiares, amigos e conhecidos grandes ensinamentos. Foi um dos legítimos e incontestáveis representantes daqueles pioneiros que, com o suor do seu trabalho, honestidade e convicção, desbravaram e deram forma ao lugar em que hoje vivemos.

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