quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Jovino Alves Martins, o Vovô do Rádio, é imortalizado com nome de rua

Em uma homenagem histórica para o município de Erechim, principalmente para os amantes do rádio e da Velha Guarda de nosso município, o Poder Legislativo aprovou, na noite desta segunda, o Projeto de Lei Legislativo, de autoria da vereadora Eni Scandolara, no qual denomina artéria, no Loteamento Poltronieri, de Rua Jovino Alves Martins - Radialista. O Vovô do Rádio, como era conhecido fica, a partir de agora, imortalizado.
Em sua manifestação na Tribuna da Casa, Eni destacou a sua felicidade ao prestar a homenagem. “Me deixa feliz e com uma grande responsabilidade por representar muitas pessoas que conviveram com nosso querido amigo”.
Jovino Alves Martins nasceu em Marcelino Ramos no dia 29 de abril de 1933, filho de Ladislaw (Húngaro) que era contador e Arlinda (Francesa). Os pais fugiram para o Brasil partindo de Budapeste e instalaram-se inicialmente no município de Piratuba. Era casado com Nilsa Dal Bianco Martins e desta união de 59 anos, tiveram três filhos: Jone Edson, Janice Mary e Grace Mara, três netos e um bisneto.
“Sem dúvida o Vovô do Rádio foi um marco na comunicação gaúcha com uma maneira toda especial de conversar com os ouvintes, passando sempre uma mensagem positiva, responsável e acima de tudo carinhosa com as pessoas que aprenderam admirá-lo ao longo dos anos. Era mais que um locutor e radialista, era um artista nato”, destacou.
Jovino atuou como palhaço em circos e parques na região durante quatro anos, atividades que lhe davam prazer e fazia questão de tornar públicas. Começou cedo, aos 17 anos, na Rádio Salete de Marcelino Ramos onde ficou por três anos. Trabalhou na Rádio Erechim por 46 anos e por último sete anos na Rádio Difusão.
Quando iniciou sua carreira na década de 50 era o apogeu do espetáculo radiofônico, a era de ouro do rádio. Erechim às Ordens, Porta Voz dos Pampas, Peça o que quiser para ouvir o que pediu, Assim Canta o Rio Grande, Domingo Alegre, Brasil de Norte a Sul, Clube Infantil, são alguns dos programas que Jovino conduziu com paixão, talento e uma identidade única. Uma de suas marcas sempre foi o improviso e os inúmeros bordões que lançou ao longo de sua carreira.
“Lembro com carinho do afamado programa de calouros Clube Infantil, do qual participei cantando e que era apresentado pelo Jovino, no Auditório Adeudato Araújo da Rádio Erechim. Me lembro como se fosse hoje, do microfone prateado, do vestido azul que usava neste dia, da animação e incentivo do apresentador e das palmas da plateia.  Provavelmente muitos artistas de nossa cidade e região tiveram sua primeira oportunidade e incentivo neste programa”, lembrou carinhosamente Eni.
A parlamentar garante que, com absoluta certeza, Jovino Alves Martins teceu na década de 60 comentários sobre o sucesso de Teixeirinha, a chegada de Os Monarcas a Erechim, a inauguração de Brasília, o radinho de pilha e vários outros fatos que marcaram o mais popular dos meios de comunicação. “Seu exotismo também veio à tona nos anos 60 quando da febre da corrida espacial: ele chegou a mandar carta de inscrição aos Estados Unidos para uma viagem à Lua”.
Tinha como costume acordar as duas e meia da madrugada e às 3 horas já estava na Rádio. “Quem não lembra do Jovino acompanhado de sua inseparável companheira Nilza tomando um chimarrão durante a tarde no canteiro central da Av. Maurício Cardoso, em frente ao Condomínio. Durante cerca de 50 anos foi vizinho de porta do seu colega e amigo Milton Doninelli que o antecedeu em dois anos no rádio local. Quem não lembra do Jovino alimentando os passarinhos do “Restaurante Papo Cheio” ou com o papagaio Queco no ombro cantarolando e assoviando o Hino Nacional pelas ruas de Erechim. Aos domingos, sem exceção, podia ser visto na igreja dos Mórmons, pois acreditava num Deus através do Pai, Filho e do Espírito – Santo”.
Foi pioneiro na TV Alto Uruguai na apresentação do primeiro programa da televisão local, onde trabalhou por dois anos e manteve os programas ‘A noite é nossa’ com três horas ininterruptas de programação, pois na época não existia intervalo comercial; e também ‘O assunto é música’ nas quartas-feiras. Foi num de seus programas que os Crazy Boys se apresentaram pela primeira vez em público.
Jovino foi presidente da Associação Erechinense de Profissionais de Imprensa. Era integrante da Associação Nacional dos Reservistas de Erechim, onde participava ativamente das atividades da associação, cultuando a amizade, o companheirismo e o respeito mútuo que marcaram os tempos de caserna, além da divulgação do patriotismo e defesa incondicional de nosso país. “Jovino era figura carimbada nos eventos e desfiles cívicos, como a parada de 7 de setembro, sempre com muito entusiasmo, galhardia e altivez”.
Também viveu bons momentos no Grupo de Idosos Renovação, do qual foi um dos fundadores, e que faz parte da Associação dos Idosos Pela Vida – AIVIDA desde 2010. Jovino e sua esposa Nilza estavam sempre presentes nos encontros realizados nas quintas-feiras, na Comunidade Santa Augusta, participando de atividades de lazer, cultura e compartilhando suas histórias de vida. De acordo com os amigos era sempre o primeiro a chegar, o primeiro da lista de inscrição para os passeios e viagens, e sempre disposto a colaborar com o grupo.
No dia 06 de dezembro de 2004, através de uma proposição do então vereador Élio Francisco Spanhol, Jovino foi homenageado através da outorga do Título de Cidadão Erechinense. “Distinção esta merecida pela sua trajetória de vida e contribuição ao nosso município”.
O último programa apresentado pelo comunicador Jovino Martins foi ao ar numa sexta-feira, 26 de janeiro de 2007 pela Rádio Difusão AM. Teve início às 5 horas da manhã como de costume. Além de muita música e prosa, como Jovino gostava de frisar, participaram do programa “Brasil de Norte a Sul” o Jornalista Adelar Ody, o Padre Antoninho Valentini Neto, o historiador Enori Chiaparini, o ex-vereador Élio Spanhol, vereador Ernani Mello, o ex-prefeito Eloi Zanella, entre outros.
Jovino aposentou-se do microfone exatamente às oito horas da manhã. Acreditamos que para ele foi uma decisão difícil, pois a paixão pelo rádio é inigualável, vemos pessoas de várias idades cultuando este meio de comunicação que tem uma importância vital em nossa sociedade e está presente no coração e da mente de todos aqueles que ouvem as programações, interagem com os locutores e acompanham as mudanças e transformações de nossa sociedade.
“O Vovô do Rádio como era conhecido, foi um dos maiores comunicadores de nossa cidade, um radialista e artista nato, um homem de microfone como poucos na história do rádio gaúcho, de enorme carisma e humildade. Dedicou 56 anos de sua vida ao rádio. Foram 672 meses no ar ou 18.816 dias. No dia 20 de setembro de 2014, data Farroupilha, Erechim perdia um de seus mais brilhantes homens do rádio. Falecia o Canarinho que acordou gerações, com seu programa matinal e bordões que entraram para a história como”, finalizou Eni. 

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