sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mudança no ensino médio preocupa alunos, pais e professores


As mudanças no ensino politécnico e seus reflexos no aprendizado foram debatidos na noite de ontem (23), durante audiência pública que lotou o plenário da Câmara de Vereadores de Erechim. Proposta pela vereadora Eni Maria Scandolara (PP), dentro da Comissão de Desenvolvimento Social do Poder Legislativo, a audiência reuniu professores, pais e alunos, com o propósito de debater e discutir as mudanças curriculares ocorridas recentemente nas escolas estaduais.
Além da vereadora fizeram parte da mesa de trabalhos a coordenadora da 15ª CRE Graciela Gritti Pauli, a presidente do 15º Núcleo do CEPERS Celita Casagrande, o professor Tailor Molossi representando os educadores, Marcos Antônio de Lima representando a União Brasileira de Estudantes e Luis Felipe Albertoni do Grêmio Estudantil da Escola Haidée. Também prestigiaram o evento o presidente da Câmara José da Cruz (PMDB) e os vereadores Leandro Basso (PCdoB) e Ernani Mello (PDT).
Inicialmente falaram os representantes dos estudantes que enfatizaram que as mudanças foram impostas, que estão perdendo conteúdos importantes e que é necessário repensar este projeto educacional. Marcos Antônio de Lima, da UBE, disse que a mudança curricular no entendimento dos estudantes não veio num bom momento. “Deveríamos ter sido consultados neste processo. Concluímos mais uma vez que o jovem está sendo visto como uma mercadoria, ou seja, estamos desqualificados como cidadãos, estamos sendo desvalorizados dentro da sociedade, e não é isso o que queremos. Queremos ser protagonistas da aprendizagem e da educação e não podemos ficar calados quando se trata do nosso futuro, pois somos o presente desta geração”.
Já o presidente do Grêmio Estudantil da Escola Haidée, Luiz Albertoni, destacou que os alunos estão perdendo conteúdos importantes e que farão falta no momento de prestarem o ENEN, vestibular ou qualquer tipo de concurso. “Mudanças são sempre bem vindas, nós estudantes temos a certeza que precisamos de uma renovação no ensino médio, mas não é substituindo períodos de português, redação, matemática e literatura pelos Seminários Integrados, que vamos conseguir alcançar a qualidade de ensino. Pergunto: Como vamos competir com os alunos das escolas particulares? Queremos acima de tudo que os estudantes sejam ouvidos e a partir daí fazer uma reestruturação do Ensino Médio. Não vamos desistir até que o governo nos ouça”.
O professor Tailor Molossi enfatizou que o ensino médio passa por uma série de dificuldades e não será uma idéia de cima para baixo que irá resolver os problemas. “Os professores e alunos não foram ouvidos. O projeto chegou pronto. Não tivemos papel protagonista nesta mudança. Colocaram no mesmo patamar o ensino diurno e noturno. Eles são diferentes com clientela e necessidades diferentes. O aluno do noturno trabalha e estuda já o do diurno tem um tempo a mais para se preparar. Como vamos seguir o currículo cobrado pelo governo, como no meu caso, na disciplina de redação, se perdemos períodos importantes”.
A presidente do 15º Núcleo do CEPERS, Celita Casagrande, afirmou que a mudança ocorreu à revelia dos educadores. “Não somos contra a reforma, somos contra a forma como aconteceu. Esta ocorrendo um fracasso deste modelo educacional. Estamos preocupados com o futuro de nossos jovens, pois neste modelo não terão como competir com os alunos de escolas particulares, e isso não podemos admitir como educadores. Nós não queremos formar peões. Queremos jovens com educação fortalecida e futuro garantido”.
A coordenadora de educação, Graciela Pauli, rebateu as críticas sobre o processo implantado e afirmou que foram realizadas conferências em todos os 41 municípios atendidos pela 15ª CRE. “A reestruturação tratou de dar as diretrizes gerais para o Ensino Médio no Estado. É diferente de projeto político pedagógico. É uma etapa para trabalharmos questões de cidadania, qualificação para o mercado de trabalho, ou para os alunos continuarem seus estudos. Não foi reduzida a carga horária, muito pelo contrário, aumentamos de 800h/aula para 1000h/aula. A politécnica prevê um trabalho interdisciplinar das diversas áreas de conhecimento”.
Em seguida estudantes, pais e professores das escolas estaduais também puderam se manifestar. A grande maioria afirmou não estar satisfeita com o modelo implantado, que não foram ouvidos, que os professores fazem o possível, mas não estão qualificados para os seminários integrados, que falta infra-estrutura, e que matérias importantes foram colocadas em segundo plano. 
Os vereadores Leandro Basso e Ernani Mello enfatizaram a importância da audiência e destacaram que educação deve ser prioridade sempre, pois é a ferramenta para encurtar as desigualdades. 
Encerrando os trabalhos a vereadora Eni Scandolara, enalteceu a participação e o nível da audiência pública, e destacou que um documento final sobre o encontro será encaminhado às autoridades competentes. “Acreditamos que o Poder Legislativo cumpriu com seu papel debatendo este tema tão importante. Diante de todos os relatos desta noite, feitos pelos alunos, professores e pais, nós como educadores não podemos tapar os ouvidos. Precisamos fazer uma profunda reflexão dos rumos que a educação em nosso país esta tomando. Vamos encaminhar o relatório final desta audiência para o Ministério de Educação, Secretaria Estadual e também para nossos representantes na Assembléia Legislativa do Estado, Câmara dos Deputados e também aos senadores gaúchos, para que as mudanças curriculares no ensino médio sejam revistas, e corrigidos possíveis equívocos”.

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